José Nunes Afonso (Zé Afonso)
(Foto de José Nunes Afonso. Foto do arquivo pessoal da familia Afonso.)
Em dia de música resolvi relembrar um homem que tanto contribuiu para a música e cultura pampilhosense, José Nunes Afonso. Filho de José Joaquim Afonso e de Piedade do Espirito Santo, nasceu a 23 de abril de 1898, na vila de Pampilhosa da Serra.
(Foto de 1906 no dia do funeral de Maria Antónia Nunes em Pampilhosa da Serra. José Nunes Afonso é o terceiro a contar do lado direito, da primeira fila a contar de cima. Foto do arquivo pessoal da familia Nunes.)
Casou com Olimpia da Conceição no dia 19 de outubro de 1928, em Pampilhosa da Serra e dessa união nasceram cinco filhos, Maria Perpétua, Maria Gabriela, José Gaspar, António Augusto e Armando José.
(Foto de José Nunes Afonso com a sua esposa. Foto do arquivo pessoal da familia Afonso.)
A 15 de agosto de 1931, o Grupo Musical Fraternidade Pampilhosense do qual ele fez parte enquanto viveu em Pampilhosa da Serra, tocou e cantou em plena festa da vila a música “Recordação de Pampilhosa da Serra” e em 15 de agosto de 1937 o “Hino da Pampilhosa”, músicas e letras de sua autoria, compostas em 1928.
(Primeira página da partitura da música "Recordação de Pampilhosa da Serra". Arquivo do Grupo Musical Fraternidade Pampilhosense.)
(Última página da partitura da música "Recordação de Pampilhosa da Serra". Arquivo do Grupo Musical Fraternidade Pampilhosense.)
No Grupo Musical Fraternidade Pampilhosense, no qual aprendeu e sucedeu a Jaime Henriques da Cunha (também ele um grande Pampilhosense que não devemos esquecer), deixou um valioso espólio musical e uma grandiosa dedicação. Foi maestro (naquele tempo chamavam regente) desde meados dos anos 30 até 1948, ano em que partiu para Nova Lisboa (Angola), assim designada até 1975, sendo desde essa data e até aos dias de hoje a cidade Huambo. Em Nova Lisboa contribuiu com o seu talento, como prova a música composta por ele para a Marcha do Bairro de Santo António, nas festas da cidade de 20 e 21 de setembro de 1958, e o seu contributo na Filarmónica de Nova Lisboa, onde tocou com José Augusto Simões (“Zé da Quinta”), seu compatriota pampilhosense. Ainda em Nova Lisboa e no mesmo ano, a 8 de outubro, compõe a música “Eterno Descanso” dedicada a Armando Afonso.
(Cartaz da Marcha de Santo António, em Nova Lisboa, onde se pode ver que a música era de José Nunes Afonso.Arquivo pessoal da familia Afonso.)
Para além das músicas “Recordação de Pampilhosa da Serra”, “Hino da Pampilhosa”, “Marcha do Bairro de Santo António” e “Eterno Descanso”, compõe ainda “Malange”, “O TÓZÉ” (música dedicada a seu neto António José Pereira Afonso), “Santa Rita”, “Filomena”, “Fadista”, “Nossa Senhora do Carmo”, “O Novato”, “O Cadete”, “O Caprichoso”, “Cantares Serranos”, “O Zuca”, “Quem tem amores não dorme”, “Hossana”, “Ingratidão”, entre outras. Músicas deixadas ao Grupo Musical Fraternidade Pampilhosense e a todos os pampilhosenses.
(Partitura da música "O TÓSÉ". Arquivo do Grupo Musical Fraternidade Pampilhosense.)
Regressa à sua terra natal em 1960 e ao Grupo Musical Fraternidade Pampilhosense na qualidade de maestro até meados dos anos 70, altura em que José Nunes Simões assegura a regência até o professor José Ramos Mendes o substituir.
(Foto do Grupo Musical Fraternidade Pampilhosense, inicios dos anos 60 do séc.XX. Foto do arquivo pessoal da familia Afonso.)
José Nunes Afonso integra também na mesa da Irmandade do Santíssimo Sacramento da freguesia da Pampilhosa, como secretário, ficando também mandatário nas procissões. A mesa da Irmandade toma posse aos 16 dias do mês de novembro de 1960, tendo como juiz da mesa, o Padre Carlos Borges das Neves, secretário, José Nunes Afonso e tesoureiro, Serafim Gaspar Vicente (Folhas 39 e 40 do Livro de Atas da mesa administrativa da Irmandade do Santíssimo da freguesia da Pampilhosa. Este livro foi iniciado a 19 de março de 1914 por António Maria Afonso, vogal servindo de juiz da mesa.).
(Folha 40 do Livro de Atas da mesa administrativa da Confraria do Santíssimo da freguesia da Pampilhosa da Serra.)
Profissionalmente era sapateiro antes de ir para Angola, quando regressou foi mediador de seguros e prestava ajuda a preencher qualquer requerimento necessário nos serviços públicos.
A paixão e talento pela música, estava e continua a estar geneticamente presente na família.
Faleceu a 10 de setembro de 1988 na vila que o viu nascer, Pampilhosa da Serra.
(Foto do Grupo Musical Fraternidade Pampilhosense nos inicios dos anos 70, do séc.XX. Foto do arquivo pessoal da familia Afonso.)
Como pampilhosense só posso dizer obrigada José Nunes Afonso, por toda esta valiosa herança cultural que nos legou.
Agradecimentos
Toda esta informação, fotos e partituras, não seria possível sem a ajuda de:
Maria Nazaré Nunes, pela história, fotos e árvore genealógica da família Nunes Afonso;
António José Pereira Afonso, neto de José Nunes Afonso e sua esposa, Carla Maria Pereira, pela simpatia, disponibilidade e tudo o que me facultaram;
Esmeralda Assunção Simões Santos Alexandre, presidente do Grupo Musical Fraternidade Pampilhosense, por toda uma vida que tem dedicado a esta associação, em particular por tudo o que me facultou e ajudou sobre a Filarmónica;
Maestro Pedro Ralo;
Funcionários do Arquivo da Universidade de Coimbra pela sua rapidez e eficiência;
Maria de Lurdes Gaspar Simões, sempre preocupada em não deixar esquecer os nossos ancestrais e a nossa história, mas principalmente pela sua paixão por Pampilhosa da Serra;
José Gaspar Nunes Afonso, filho de José Nunes Afonso, pela informação de Angola;
José Nunes Simões, pela informação do tempo em que conviveu com José Nunes Afonso;
Júlio Augusto Santos Simões, pelos dados que me faltavam e pelas histórias do nosso passado para que estejam sempre presentes e assim garantirmos o futuro.