O Dia da Espiga
O Dia da Espiga coincide com a Quinta-Feira da Ascensão, por isso mesmo, é uma data móvel que vai seguindo o calendário litúrgico cristão.
Para os cristãos, a Quinta-Feira de Ascensão, assinala a Ascensão de Jesus ao céu, ao fim de 40 dias após o Domingo de Páscoa.
O Dia da Ascensão é celebrado tradicionalmente na quinta-feira, no entanto, assim como na Pampilhosa, também outras localidades mudaram a celebração para o domingo seguinte.
É considerado também o "dia da hora" e "o dia mais santo do ano", um dia em que não se devia trabalhar. No nosso concelho as pessoas guardavam tal respeito por este dia que diziam "se os passarinhos soubessem, nem comiam, nem bebiam, nem punham os pés no chão".
Era chamado o dia da hora porque havia uma hora, o meio-dia, em que tudo parava, "as águas dos ribeiros não correm, o leite não coalha, o pão não leveda e as folhas se cruzam". E era nessa hora que se colhiam as plantas para fazer o ramo a que se dava o nome de Espiga.
Em dias de trovoadas queimava-se um pouco da Espiga no fogo da lareira para afastar os raios.
As várias plantas da Espiga têm um valor simbólico profano e um valor religioso.
- O trigo (representa o pão);
- O malmequer (representa ouro e prata);
- A papoila (representa amor e vida);
- A oliveira (representa azeite e paz);
- A videira (representa o vinho e alegria);
- O alecrim (representa saúde e força).
Segundo a tradição o ramo era colocado por detrás da porta de entrada e só devia ser substituído por um novo no Dia da Espiga do ano seguinte.
Acreditava-se que trazia pão, abastança, saúde, alegria e sorte aos donos da casa.
Em algumas aldeias do concelho da Pampilhosa, e também noutros pontos do país, para além da Espiga, era colocado atrás da porta um saco com um pão benzido e cinco tostões. Mas havia aldeias em que só faziam a Espiga e outras em que não a faziam. Uma coisa em comum todas as terras do nosso concelho tinham, a de que a Quinta-Feira da Ascensão era um dia santo e por isso mesmo devia guardar-se respeito.