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ancestralpampilhosense

A intenção é partilhar este meu gosto pelas antiguidades, pelas histórias, pelas tradições e tudo o que tenha a ver com o património pampilhosense e sensibilizar os descendentes da Pampilhosa da Serra a darem mais valor às suas raízes!

A intenção é partilhar este meu gosto pelas antiguidades, pelas histórias, pelas tradições e tudo o que tenha a ver com o património pampilhosense e sensibilizar os descendentes da Pampilhosa da Serra a darem mais valor às suas raízes!

Escola Primária da vila

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(Vila Pampilhosa da Serra em 1933)

 

Falarmos em setembro é falarmos da Escola, de regressar às salas de aulas, de voltar a ver os colegas e os professores, ou seja, o início de mais um ano letivo. Mas é talvez ainda mais marcante para aquelas crianças que vão iniciar a sua escolaridade formal pela primeira vez e que deste modo principiam o seu percurso escolar.

            No entanto, nem sempre assim foi, houve tempos em que a escola se iniciava mais tarde, no mês de outubro. Nessa altura, as crianças tinham que ajudar os seus pais e avós na debulha do milho e na vindima e só depois iam para a escola, e mesmo as que iam eram uma minoria, pois a maior parte das crianças pampilhosenses nunca chegavam a ir à escola, principalmente as meninas.

            A fotografia que vos apresento em cima, datada de 1933, mostra-nos uma Pampilhosa muito diferente daquela que conhecemos hoje. Para além dos extensos campos de milho onde atualmente são os Paços do Concelho, podemos ver do lado direito, no sítio denominado «Carrascas», a Escola Primária Masculina e Feminina de Pampilhosa da Serra em construção. A sua edificação teve início a 23 de janeiro de 1931 e a inauguração aconteceu a 7 de outubro de 1934, domingo, e contou com a presença do Governador Civil do distrito, Dr. Gustavo Teixeira Dias, da sua comitiva constituída por vários membros: pelo seu secretário, pelo Dr. Castanheira de Figueiredo (filho do pampilhosense António Joaquim Cardoso de Figueiredo) e pelo vice-presidente da Câmara de Coimbra. Neste grande acontecimento, estiveram também presentes o Sr. Rangel de Lima, diretor das estradas deste distrito e presidente e vereadores da Câmara da Lousã.

            À sua espera estavam as crianças com os respetivos professores, José Lourenço Gil e Maria D’ Assunção Ferreira. Seguiu-se um cortejo para o novo edifício escolar. O administrador e presidente da Câmara Municipal de Pampilhosa da Serra, Sr. Hermano Nunes de Almeida, assim como o presidente da Comissão Municipal da União Nacional, Sr. Jaime Henriques da Cunha, reconheceram e agradeceram os benefícios já concedidos pelo Governo ao povo pampilhosense mas intercederam junto dos representantes do governo ali presentes, pelos benefícios que o concelho da Pampilhosa ainda necessitava.

            Também o esforço empregue destes dois homens, Hermano Nunes de Almeida e Jaime Henriques da Cunha, foi importante para que a construção da escola se tornasse uma realidade, assim como outras melhorias que o concelho «viu nascer».

 Após a inauguração da nova escola houve novamente um cortejo, mas desta vez para o edifício da Câmara Municipal, onde foi servido um «copo d’ água» pois tratava-se de uma ocasião festiva.

            A escola primária era constituída por duas salas, a da esquerda pertencia aos meninos e a sala da direita, era a das meninas. No pátio da escola também havia um muro que os separava na hora do recreio, mas este não era muito alto, pois os meninos por vezes aventuravam-se!

            Até esta nova escola ser construída, as crianças tinham aulas no primeiro andar da casa do Sr. Ilídio Nunes Barata, casa que também se pode ver nesta fotografia, manteve os traços originais, é onde atualmente fica a churrasqueira. A entrada fazia-se pela Rua Rangel de Lima, subia-se umas escadas que davam acesso a um patamar no primeiro andar, os meninos iam para uma sala que ficava do lado esquerdo e as meninas para uma sala que ficava à direita.

No Séc. XIX, as poucas crianças que estudavam, tinham aulas na denominada "sala dos estudos", sala que ficava na casa da família Nunes Afonso (casa com varanda fechada em madeira no Largo José Henriques da Cunha, demolida para dar lugar a um prédio).

            A escola primária que aqui vemos em construção funcionou até junho de 1999, uma vez que em setembro do mesmo ano, as crianças do primeiro ciclo juntar-se-iam às crianças dos restantes ciclos na nova escola situada em S. Martinho.

            Apenas uma curiosidade, o edifício da Câmara Municipal, atual Museu Municipal localizado na Praça Barão de Louredo, também já foi Escola Primária para muitas crianças. A sala de aulas era na antiga secretaria, no primeiro andar, o recreio era na Praça Barão de Louredo e em dias de chuva, a cadeia dos homens que ficava no rés-do-chão, do lado esquerdo da porta principal, servia de resguardo da chuva e do frio.

            A antiga escola primária continua a ser uma escola, mas uma escola de música e valores culturais, pois é atual sede do prestigiado Grupo Musical Fraternidade Pampilhosense. Jaime Henriques da Cunha, onde quer que esteja, estará a sorrir, pois o Grupo Musical do qual foi maestro e impulsionador está num edifício que ele tanto lutou para ver construído!

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(Escola Primaria da vila nos anos 50 do Séc. XX)

 

 

 

Agradecimentos:

- Prof.ª Maria Nazaré Nunes (junho de 2016)

Bibliografia:

- Jornal "A Comarca de Arganil", n.º2086, 16 de outubro de 1934

 

 

 

Francisco Luís Nunes e a Capela de N. Senhora de Fátima

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(Francisco Luís Nunes)

A primeira aparição de N. Senhora aos pastorinhos deu-se no ano de 1917. Passados poucos anos, a fé do povo português por N. Senhora de Fátima fez com que fossem construídas várias capelas em sua honra.

Na vila de Pampilhosa da Serra a Capela de N. Senhora deve-se a Francisco Luís Nunes que a mandou construir e a ofereceu à comunidade, assim como o terreno envolvente à capela.

Capela N Senhora Fátima Pampilhosa.jpg

(Capela de N. Senhora de Fátima e terreno envolvente antes das obras de 1997)

 

Francisco Luís Nunes nasceu na vila de Pampilhosa da Serra em 1860 e faleceu em 1940.

Para além de ter sido Tesoureiro da Fazenda Pública, tratado pelos pampilhosenses como o “senhor recebedor”, era também proprietário da Loja Nova, um estabelecimento comercial onde havia de tudo. O estabelecimento ocupava todo o edifício onde é atualmente a Repartição de Finanças e tinha o monopólio da venda de tabaco e outros bens que necessitavam de licença de comercialização.

Quando Francisco Luís Nunes se reformou, sucedeu-lhe no cargo o seu filho, José Augusto Nunes Barata, pai de Maria Luísa Nunes Lucas de Brito e de José Fernando Nunes Barata.

A capela que hoje temos é maior que a mandada construir por Francisco Luís Nunes. Ela foi restaurada em 1997 por iniciativa da Comunidade Paroquial com a colaboração da Câmara Municipal.

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(Placa da comemoração das obras de 1997)

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(Recinto da Capela de N. Senhora de Fátima atualmente)

 

Os descendentes de Francisco Luís Nunes ofereceram anos mais tarde o terreno contíguo ao da capela, onde se contruiu o campo de futebol.

Em meu nome, muito obrigada à família deste grande pampilhosense, pela capela, pelo seu espaço envolvente e pelo terreno que foi por muitos anos palco do futebol jovem do Grupo Desportivo Pampilhosense!

 

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(Fotografia onde se vê a capela atualmente e os muros do antigo campo de futebol.)

 

 

Agradecimentos:

- Dr.ª Maria Luísa Nunes Lucas de Brito

- Dr.ª Ana Maria Barata de Brito

 

A escola de Moninho

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( 28 de maio de 1949 - Moninho)

 

Já partilhei aqui no blogue fotografias que fazem parte da história da Comissão de Melhoramentos das Quatro Povoações Unidas. Esta Comissão agora extinta, agregava as povoações das Moradias, Moninho, Soeirinho e Vale de Carvalho, da freguesia de Pampilhosa da Serra.

As fotos que anteriormente partilhei retratavam a inauguração dos fontanários na povoação de Moradias. Desta vez, trata-se de uma inauguração mas, na povoação de Moninho.

A fotografia que vos trago é de 28 de maio de 1949, mostra vários elementos pertencentes à Comissão de Melhoramentos das Quatro Povoações Unidas, para além do Padre Benjamim Alves, do presidente da Câmara José Lourenço Gil e da regente da escola Maria do Céu, e foi tirada no dia da inauguração da escola primária de Moninho.

A festa da inauguração foi iniciada por um cortejo, abrilhantado pelo Grupo Musical Fraternidade Pampilhosense. Seguiu-se a bênção da escola pelo pároco da freguesia, o padre Benjamim Alves e posteriormente uma sessão solene onde teve a palavra o presidente da Comissão, José Maria Nobre, o senhor Manuel Martins, membro da Comissão, o senhor padre Benjamim Alves, o senhor Onofre da Silva Gomes, chefe de secção das finanças e por último o presidente da câmara, José Lourenço Gil.

Com o entusiasmo que marcou todo o dia da inauguração deste importante melhoramento, a festa terminou com um Porto de honra servido a todos os convidados.

Foi com os esforços desta Comissão de Melhoramentos e do presidente da Câmara da altura que a escola de Moninho nasceu e que veio servir as crianças destas quatro povoações.

A escola mista de Moninho já tinha sido criada por despacho governamental de 30 de novembro de 1930 mas as crianças estavam a ter aulas numa casa particular (posto escolar) até à inauguração deste novo edifício!

Este novo edifício abriu portas em 1949 e encerrou por meados dos anos 70 do séc. XX.

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(Fotografia da escola de Moninho atualmente)

Quando se pode ter acesso a documentos, livros e fotografias do passado, como eu tive, neste caso desta Comissão, através do senhor José Almeida ("Zé das Moradias") ao qual agradeço muito, podemos constatar o imenso trabalho e seriedade com que estes homens e mulheres colocavam em tudo o que faziam. Os livros onde podemos ver todos os donativos, os nomes de quem dava o que podia para ver melhorias nas suas terras natal, os valores pagos nessas melhorias, desde a madeira, pregos, tecido das urnas aos fontanários ou até à construção desta escola, é um bom exemplo desta dedicação e seriedade!

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(subscrição para fonte nas Moradias)

 

Por estes motivos, é com toda a admiração e respeito que sinto por estes homens e mulheres do passado pampilhosense e por tudo o que eles conseguiram para as suas aldeias que, vou partilhando no meu blogue, os seus feitos e os seus rostos!

 

 

Bibliografia:

A Comarca de Arganil, n.º3550 de 10.06.1949

 

Agradecimentos:

Senhor José de Almeida ("Zé das Moradias")

Dona Lurdes Santos

Dona Conceição Martins dos Santos

Elisabete Matos

 

40 anos do edifício dos Paços do Concelho

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A 15 de julho de 1980 A Comarca de Arganil noticiava a inauguração dos Paços do Concelho de Pampilhosa da Serra com a fotografia que podemos ver em cima.

O novo edifício que demorou 10 anos a se construído, albergou no rés do chão os serviços das finanças e tesouraria da fazenda pública, a biblioteca municipal e as casas de banho públicas. No primeiro andar estavam todos os serviços da Câmara Municipal, secretaria, tesouraria, serviços de águas, serviços técnicos, gabinete do presidente e o salão nobre.

Quem não se lembra dos compridos balcões de atendimento?

No piso térreo ficavam as garagens da Câmara que viriam a ser utilizadas pelos Bombeiros Voluntários até à inauguração do quartel.

Algo curioso que podemos ler nesta notícia é que, aquando a inauguração já acharam o edifício ultrapassado e não adequado às necessidades de 1980. Dizendo mesmo que não se justifica que " em construção actual não tenha ficado um salão amplo para reuniões, recepções e exposições. É pena, mas acontece."

Concordo inteiramente com esta opinião. A Pampilhosa só viría a ter mesmo uma sala de exposições aquando a conversão dos antigos Paços do Concelho, situado na Praça Barão de Louredo, em museu municipal e posto de turismo, no ano de 1997.

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( Antigos Paços do Concelho na Praça Barão de Louredo)

 

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(Vista da vila de Pampilhosa da Serra com os Paços do Concelho em construção)

 

Ao longo destes anos, os Paços do Concelho, foram recebendo algumas melhorias para melhor receber os seus munícipes!

 

 

 

 

 

Bibliografia:

- A Comarca de Arganil, n.º8078 de 19 de julho de 1980.

Agradecimentos:

- Inês Pereira

 

 

Santo António e os Santos Populares

 

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Nestas serras cheira a rosmaninho e macelas. Com os aromas vêm também as memórias das coroas que os jovens faziam com macelas, das fogueiras de rosmaninho à volta do mastro, todo ele revestido com rosmaninho e com um cântaro de barro na ponta e os saltos por cima das fogueiras. Depois ainda havia tempo para o bailarico que se fazia junto à fogueira. Estamos no mês dos Santos Populares!

No dia de Santo António ou no domingo seguinte fazia-se e continua a fazer-se, a procissão, a missa e o leilão das oferendas que as pessoas prometiam ao santo.

Há uma antiga história, engraçada, de um homem da Pampilhosa que tinha o seu porco doente e como era um prejuízo muito grande a morte do porco, pois já estava perto da matança, o dito senhor prometeu ao Santo António os pés e outras peças do porco se o Santo António o conseguisse salvar. A verdade é que o porco acabou por morrer doente. O senhor um dia apanhou uma bebedeira e foi ralhar com o Santo António, dizendo-lhe: “…tu não querias só os pés, tu querias era o porco todo!”.

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A fotografia em cima, é do Altar da Capela de Santo António na vila de Pampilhosa da Serra. O altar recentemente restaurado por técnicas competentes pôs a descoberto as pinturas originais.

A Capela é do século XVI, apesar de já ter sofrido algumas alterações e a imagem de Santo António, uma escultura em pedra do séc. XVII.

Para além da mordoma da Capela de Santo António que lhe dedica o seu tempo desde a altura do senhor padre Carlos Borges das Neves e prepara a festa religiosa, existe ainda uma comissão constituída por homens da vila chamados António que trata da festa profana. Uma festa muito bonita e bairrista.

Não posso esquecer os habitantes do Bairro de Santo António desta vila que têm gosto em manter as suas casas cuidadas e de ter a rua cheia de flores.

Cheira bem, cheira à Pampilhosa da Serra!

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(Pormenor da Rua de Santo António)

 

Agradecimentos:

- À Alda Brito, mordoma da Capela de Santo António,

- Ao António Brito, membro da Comissão de Festas de Santo António,

- Ao Rui Brito, morador na Rua de Santo António.

Dia de Santa Rita

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 (Altar e retábulo da Capela de Santa Rita)

 

Maio é o mês de Maria, das mães, mas é também o mês de Santa Rita, pois este festeja-se a 22 de maio.

Santa Rita de Cássia nasceu em Roccaporena (Itália) no ano de 1381 e faleceu a 22 de maio de 1457 em Cássia. Desde criança que demonstrou vontade de se consagrar à vida religiosa mas, para obedecer a seus pais, casou-se aos doze anos. Após a morte do marido e dos seus dois filhos ingressa no mosteiro das irmãs Agostinianas. Durante catorze anos e até à sua morte, trouxe um estigma na testa, estando associado à paixão de Cristo. Foi beatificada em 1627 e canonizada pela Igreja Católica em 1900. Os milagres que lhe são atribuídos são tantos e tão extraordinários que é considerada “advogada das causas perdidas e santa do impossível”. É padroeira das causas impossíveis, dos doentes, das mães e esposas que sofrem pelos maus tratos dos maridos. Costuma estar representada com um espinho cravado na testa, com rosas e crucifixo.

A fama de Santa Rita espalhou-se por toda a parte e depressa chega a Portugal.

Na vila de Pampilhosa da Serra construiu-se uma capela particular em sua honra que, segundo estudo de Ana Paula Branco, poderá ser ainda do século XVII, pois o culto a Santa Rita começa logo por altura da beatificação. Quem habitava a casa onde está incorporada a capela, em 1763, era o Capitão Custódio Homem Castelão de Brito Leitão que pagava foro a Marcos de Torres de Portalegre, tendo também que paramentar a Capela de Santa Rita. Este Marcos de Torres era descendente da família proprietária da casa que deixaram a vila para exercer cargos de sargento-mor, tabelião e outros.

Durante vários anos a casa era conhecida como sendo a “Casa dos Melos” porque os netos do referido Capitão, Luís de Mello Castelão de Brito Brandão, Custódio de Mello Brandão, D. Maria Catarina e José Feliciano de Mello Brandão, terão habitado nesta casa até morrerem.

A casa, a capela e propriedades foram compradas nos anos vinte do século passado, por José Augusto Nunes Barata, tesoureiro da Fazenda Pública, a descendentes da família Mello Castelão de Brito Brandão.

José Augusto Nunes Barata e sua esposa, Maria da Anunciação Lucas Barata, professora, e seus dois filhos, a Dr.ª Maria Luísa, que apesar dos seus 93 anos, continua com uma cultura e lucidez admirável e o falecido Dr. José Fernando que doou os 8.000 livros da sua biblioteca particular à Biblioteca Municipal, souberam preservar com dignidade a casa e a capela e foi por esse cuidado que este património com história chegou aos nossos dias.

Os proprietários, a família Barata de Brito, pretendem classificar a casa e a Capela de Santa Rita. Sem dúvida uma boa notícia para o concelho de Pampilhosa da Serra que vai ter assim, salvaguardado, um património importantíssimo da identidade pampilhosense.

 

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 (Coro da Capela de Santa Rita)

 

 

Bibliografia:

- "A casa dos Melos e a capela de Santa Rita na Pampilhosa da Serra - A sua antiguidade e os sucessivos proprietários" por Ana Paula Loureiro Branco, fevereiro de 2017;

- A Comarca de Arganil, n.º550, ano XI, 12 de outubro de 1911;

- Sítio dos parentes e amigos de Ângelo Queiroz da Fonseca;

- https://pt.wikipedia.org/wiki/rita_de_cassia

 

 

Agradecimentos:

- À Dr.ª Maria Luísa Nunes Lucas de Brito;

- Ao Dr. Mário Correia;

- À Dr.ª Ana Maria Barata de Brito;

- À Dr.ª Ana Paula Loureiro Branco;

 

Nossa Senhora da Misericórdia

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(N. Senhora das dores no Altar proveniente da Capela de S. Bartolomeu de Pencanseco do Meio. Fotografia de 1965.)

 

As tradições quaresmais e pascais em Pampilhosa da Serra sempre foram manifestações de uma grande religiosidade popular. Estas manifestações são comuns em todo o interior de Portugal, existindo na atualidade regiões em que estão extintas enquanto noutras, as tradições pascais intensificaram-se. Na Pampilhosa da Serra continua a ser das cerimónias religiosas mais marcantes do ano, destacando-se as celebrações que vão desde o domingo de Ramos até ao domingo de Páscoa. As mais expressivas são: A Bênção dos Ramos, a Procissão do Encontro, a Cerimónia do Lava-Pés inserida na Missa da Ceia do Senhor, a Procissão do Senhor da Cana Verde e a Procissão do Enterro do Senhor.

Graças ao empenho dos guardiões da nossa herança cultural, as mordomas da Capela da Misericórdia, os párocos e um conjunto de voluntários que se prontificam para ajudar a levar os andores, as lanternas, os símbolos da Bíblia, a ser mandatários nas procissões, bem como as vestideiras das crianças, que a Semana Santa continua a fazer parte da nossa identidade.

No entanto, houve tradições que se foram perdendo e não chegaram aos nossos dias, como as representações cénicas, da Verónica com o Santo Sudário que durante a procissão do Enterro do Senhor subia ao púlpito da Igreja e à varanda dos antigos Paços do Concelho para cantar: “Ó vós homens que passais pelo caminho, parai e vede, se há dor semelhante à minha”, de Maria Madalena que chorava durante as procissões.

As colchas brancas penduradas nas janelas e varandas ainda continuam a fazer parte das tradições pascais mas, no passado, em algumas casas, cosidos à colcha estavam os “Martírios do Senhor”, constituídos por uma coroa de espinhos, os pregos grandes, um martelo pequeno e uma escada pequena.

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 (Pormenor das colchas nas janelas durante as procissões da Semana Santa)

 

Outra tradição que já vem do fundo dos tempos, é a participação do Grupo Musical Fraternidade Pampilhosense nas procissões da Semana Santa, tocando “Saudade”, esta da autoria de Jaime Henriques da Cunha, “Lágrima” de José Nunes Afonso, “Maria Emilia”, “A meu pai”, “Frio de morte”, entre outras.

 

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 (Pormenor do altar proveniente de Pescanseco do Meio)

 

Sendo a fotografia de 1965 a preto e branco, não é percetível ver os pormenores do azul das vestes de Nossa Senhora. Na Sexta-Feira Santa o vestido usado é preto, com um colar de prata e um coração com sete espadas, oferecido por Filomena Dias da Veiga, mãe do saudoso presidente da Câmara, José Augusto Veiga Nunes de Almeida. A coroa em prata engrandece a imagem de Nossa Senhora.

 

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(Imagem de Nossa Senhora na Sexta-Feira Santa)

 

 

Agradecimentos:

À Sónia Simões,

Ao Dr. José Braz,

Ao Dr. Júlio Cortez Fernandes,

Às mordomas da Misericórdia: Laurinda Simões e Esmeralda Alexandre,

Ao maestro Pedro Ralo,

À D. Lúcia Conceição Almeida,

À Dr.ª Nazaré Nunes.

Programa da Semana Santa

 

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Semana Santa 2017 em Pampilhosa da Serra

 

Domingo de Ramos – 9 de abril

10:30 – Bênção dos Ramos (Praça Barão de Louredo) e procissão para a Igreja Matriz onde será a Eucaristia.

18:00 – Procissão do Encontro (A procissão tem início na Praça Barão de Louredo, junto à Igreja da Misericórdia).

 

Quinta-Feira Santa – 13 de abril

18:00 – Missa da Ceia do Senhor (Igreja Matriz)

21:00 – Procissão do Senhor da Cana Verde (Praça Barão de Louredo)

 

Sexta-Feira Santa – 14 de abril

15:00 – Celebração da Paixão do Senhor (Igreja Matriz)

18:00 – Procissão do Enterro do Senhor (Praça Barão de Louredo)

21:15 – Via-Sacra (Começa na Igreja e termina no Cristo Rei)

 

Sábado Santo – 15 de abril

21:30 – Solene Vigília Pascal (Igreja Matriz)

 

Domingo de Páscoa – Ressureição do Senhor – 16 de abril

11:00 – Eucaristia e procissão da Ressurreição (Igreja Matriz)

 

Dia Mundial da Água

 

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 (Inauguração do abastecimento de água na povoação das Moradias, 31 de agosto de 1956)

Nos dias de hoje, ter água em casa passa pelo simples gesto de abrir uma torneira. Mas houve tempos em que ter água implicava um ritual de ações que iam desde sair de casa com um cântaro para se deslocar à fonte mais próxima e fazer o trajeto de volta a casa. E antes que surgissem as primeiras fontes, o que existia era poças de chafurdo sem o mínimo de condições higiossanitárias.

Para a construção de fontes e outras melhorias nas suas aldeias, as pessoas uniram-se, formando comissões ou ligas de melhoramentos, uma vez que, as contribuições do Estado não cobriam a totalidade das necessidades das populações e as Câmaras Municipais na altura tinham poucas verbas. Foi graças ao trabalho e persistência destas ligas que muitas aldeias pampilhosenses foram vendo nascer alguns progressos.

As fotografias que vos trago são do dia 31 de agosto de 1956, por ocasião da festa da Senhora da Boa Viagem, e mostram o dia da inauguração de três fontanários, de um bebedouro e um lavadouro na aldeia de Moradias. Podemos ver o Presidente da Câmara da altura, Luís Gonzaga Nunes de Almeida, Júlio de Almeida, delegado pelas Moradias da Comissão de Melhoramentos das Quatro Povoações Unidas, entre outros elementos da Comissão e convidados.

O abastecimento de água à povoação de Moradias resultou do financiamento do Estado e de angariação de fundos, promovida pela Comissão de Melhoramentos das Quatro Povoações Unidas. Esta Comissão era constituída por elementos das povoações de Moradias, Moninho, Soeirinho e Vale de Carvalho, foi fundada a 20 de maio de 1945, com Antonino Simões no cargo de presidente, João Evangelista como tesoureiro e José Maria Nobre secretário.

4 povoações unidas A Comarca de Arganil de 22 ja

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

(Notícia da Comissão de Melhoramentos das Quatro Povoações Unidas em A Comarca de Arganil de 22 de janeiro de 1946.) 

 

À semelhança do que aconteceu em todas as aldeias do concelho da Pampilhosa da Serra, esta comissão surge para colmatar necessidades que as suas aldeias tinham, com uma particularidade diferente da maioria por ser constituída por quatro aldeias e ter delegados das quatro aldeias em Lisboa e nas localidades que representavam.

Os vários elementos da Comissão eram responsáveis por angariar donativos, que depois serviam para melhoramentos nas suas aldeias e ajuda à população. A ela se deve, por exemplo, a compra de uma carreta funerária, a construção da casa funerária para arrecadação da carreta, a construção da Escola de Moninho em 1949, a reconstrução da Capela das Moradias, assim como outras melhorias.

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Uma curiosidade, quando falecia alguém numa destas quatro aldeias, era a Comissão que providenciava tudo, desde a compra da madeira, pregos e tecidos para as urnas, o transporte na carreta, a missas pela alma dos falecidos. A Comissão fazia recolha de milho por todas as pessoas, a chamada “contribuição do milho” que depois era convertida em dinheiro para o orçamento deste serviço que prestava à comunidade.

Aqui ficam, alguns apontamentos para a história da aldeia das Moradias e da Comissão de Melhoramentos das Quatro Povoações Unidas.

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(Cabeçalho de uma folha onde foi feita uma subscrição para a construção das fontes na aldeia das Moradias. Na parte inferior do cabeçalho poderia ler-se os nomes das pessoas que contribuiram com donativos, a localidade dessas pessoas e a quantia oferecida.)

 

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Bibliografia:

A Comarca de Arganil, n.º3.159 de 3 de julho de 1945;

A Comarca de Arganil, n.º3.214 de 22 de janeiro de 1946;

A Comarca de Arganil, n.º4.541 de 11 de agosto de 1956;

Livro de movimentos do tesoureiro geral delegado da Comissão de Melhoramentos das Quatro Povoações Unidas 1946-1963;

Correspondência da Comissão de Melhoramentos das Quatro Povoações Unidas.

 

Agradecimentos:

Ao senhor José Almeida, mais conhecido por "Zé das Moradias", por todas as fotografias, documentos e tempo dispensado.

 

Antiga Igreja da Pampilhosa

 

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Neste segundo aniversário do blog Ancestralpampilhosense, trago-vos uma fotografia que mostra a nossa Pampilhosa há muito desaparecida!

Mas o que nos surpreende mais, é sem dúvida, a Igreja Matriz, como nunca a conhecemos. Uma Igreja mais modesta, com uma disposição contrária da atual, uma vez que a entrada fazia-se pelo lado da Rua do Pedregal (que vai desde a Praça Barão de Louredo até ao Rio Unhais), no Largo da Quinta.

A Igreja que vemos na fotografia foi devastada por um incêndio, a 19 de fevereiro de 1907, conseguindo-se salvar algumas imagens, como refere a notícia na Comarca de Arganil, n.º313, do dia 21 de fevereiro de 1907. O fogo terá começado na capela-mor mas o que terá estado na origem nunca foi apurado. O que era sabido na altura é que a Igreja já se encontrava em mau estado e abandono há muito tempo. Eduardo Carlos chega mesmo a dizer, na Comarca de Arganil, de 28 de março de 1907 (n.º318): “Seria o incêndio castigo por tal abandono?” Refere ainda, no mesmo artigo, que a missa iria ser realizada na Capela da Misericórdia, mas que a Capela se encontrava em tão mau estado como a Igreja estava antes do incêndio.

 

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 (A notícia do incêndio na A Comarca de Arganil, n.º313, de 21 de fevereiro de 1907)

 

A Comarca de Arganil de 11 de julho de 1907 (n.º333) anuncia o subsídio de 2:800$000 réis para as obras da Igreja Matriz, e a Comarca de Arganil (n.º334) de 18 de julho do mesmo ano anuncia o aumento do subsídio para 7:500$000 réis. O mesmo artigo diz: “Com tal verba, bem pode a nossa freguesia ficar com um templo mais que regular”.

Desse subsídio e de mais algum peditório que o Sr. Padre Urbano Cardoso terá conseguido dos seus paroquianos, nasceu a Igreja Matriz que temos nos dias de hoje.