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ancestralpampilhosense

A intenção é partilhar este meu gosto pelas antiguidades, pelas histórias, pelas tradições e tudo o que tenha a ver com o património pampilhosense e sensibilizar os descendentes da Pampilhosa da Serra a darem mais valor às suas raízes!

A intenção é partilhar este meu gosto pelas antiguidades, pelas histórias, pelas tradições e tudo o que tenha a ver com o património pampilhosense e sensibilizar os descendentes da Pampilhosa da Serra a darem mais valor às suas raízes!

Guilherme Filipe, pintor de Fajão e os 120 anos do seu nascimento

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Guilherme Filipe,  junto do quadro do Infante D. Henrique

Blogue: http://pintor-guilherme-filipe.blogspot.pt/

 

 

Em 1897, nascia em Fajão, aquele que viria a ser um dos mais conceituados pintores da sua época, Guilherme Filipe Teixeira, filho de uma família abastada da então Vila de Fajão. A sua «alma de artista» cedo começou a demonstrar ânsia de escalar as montanhas que lhe escondiam os universos que ele tanto queria conhecer. Apesar da tristeza dos pais por verem partir um filho para outras terras, estes não o impediram de tentar encontrar o mundo que imaginava. Esse mundo, nunca o encontrou, mas ele continuou a existir dentro dele. Como ele escreveu: “Tudo acaba, só os grandes sonhos hão de ficar.”

De Fajão parte para Lisboa, onde estuda na Escola de Belas-Artes tendo como patrono o Dr. Cândido Soto-Maior, frequenta os cursos livres da Sociedade Nacional de Belas Artes e os ateliês dos Mestres José Malhoa e Conceição e Silva.

De Lisboa segue para Madrid, estuda na Real Academia de Belas Artes de São Fernando e é aluno de Joaquin Sorolla. Participa em várias exposições individuais e coletivas, em tertúlias artísticas e literárias. Monta ainda um ateliê com os escultores José Planes e José Clará. E é em Madrid que Guilherme Filipe diz viver momentos que a sua sensibilidade nunca esquecerá.

De volta a Portugal, instala-se em Coimbra, onde o poeta Eugénio de Castro lhe proporciona um ateliê na Faculdade de Letras. É em Coimbra que realiza a sua primeira exposição individual, em 1922. A segunda exposição é realizada em Lisboa, para onde se muda depois.

Guilherme Filipe volta a ausentar-se de Portugal, passa por Paris e várias cidades espanholas, realiza várias exposições, conferências e publicações e quando regressa definitivamente a Portugal (1932), não é só à pintura que se dedica.

Em 1934, no Estoril e com o patrocínio de Guilherme Cardim, Fausto Figueiredo e com a colaboração de Augusto Pina, funda uma Escola de Ação Artística e Intelectual.

Muda-se para Nazaré e durante os anos em que vive na Nazaré, funda o Jardim Universitário de Belas Artes (J.U.B.A.), a 6 de setembro de 1944. Este projeto do Jardim Universitário, que ele diz já existir no seu espírito há 24 anos, tinha como objetivos cultivar a arte, as letras e as ciências, promovendo o seu progresso, ao mesmo tempo que proporcionava residência e outros meios materiais aos artistas e intelectuais para que cada um fizesse a sua obra “com amor, liberdade e independência.”

Promoveu reuniões e debates públicos de arte, filosofia, de ciência e de história, assim como sessões de cinema.

A sua alma de criador, não imitou o que outros já tinham feito, criou um estilo diferente, um estilo pessoal e não se limitou a pintar, quis levar cultura à civilização.

A sua amizade com o escritor Miguel Torga fez com que hoje encontremos textos e poemas feitos pelo escritor em terras da Pampilhosa da Serra.

Faleceu em 1971 e é sepultado no cemitério da sua terra natal, terra que nunca esqueceu e onde parte da sua obra fica imortalizada em quadros que pintou na Capela de Nossa Senhora da Guia.

A Revista Cultural Arganilia dedicou-lhe duas edições, e assim, com o seu excelente trabalho, hoje conhecemos este nosso artista pampilhosense. O nosso jornal Serras da Pampilhosa também o recordou na rubrica Presenças do Passado. E a sua sobrinha-neta, Rita Cortês, criou uma página na Wikipédia e brevemente publicará o blogue http://pintor-guilherme-filipe.blogspot.pt para dar a conhecer a um maior número de pessoas a vida e obra deste pintor de Fajão.

Com esta fotografia, que Rita Cortês amavelmente cedeu do seu blogue http://pintor-guilherme-filipe.blogspot.pt/, comemoramos os 120 anos do nascimento deste grande pintor e impulsionador cultural.

Uma vez que estamos a iniciar um Novo Ano, trago-vos um pensamento deste artista para refletirmos: “Tudo o que se diz, o que se escreve e o que se pensa existe. A imaginação é o receptor de novas energias transcendentes: Os sonhos de hoje, são as realidades de amanhã.”

 

 

Algumas ligações e bibliografia consultada:

 

https://pt.wikipedia.org/wiki/guilherme_filipe

http://pintor-guilherme-filipe.blogspot.pt/

Arganilia, Revista Cultural da Beira Serra, II Série, n.º16, dezembro de 2002.

Primeira Exposição Guilherme Filipe em Coimbra, Imprensa da Universidade de Coimbra, Coimbra, 1922.

Torga, Miguel, Diário XI, 2ª Edição Revista, Gráfica de Coimbra, Coimbra, 1991.

 

Monsenhor Nunes Pereira

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(Monsenhor Nunes Pereira no Museu de Fajão. Do lado esquerdo podemos ver uma imagem feita por seu pai e o retrato de sua mãe desenhado por si. Do lado direito o seu retrato pintado por Guilherme Filipe, pintor de Fajão.)

 

Durante todo este mês de dezembro, recordarei e dedicarei uma humilde homenagem àquele que foi um grande homem, sacerdote e artista, Monsenhor Nunes Pereira, e assim estaremos a comemorar o 110.º aniversário do seu nascimento.

Augusto Nunes Pereira nasceu na aldeia da Mata, antiga freguesia de Fajão, a 9 de dezembro de 1906. Ficou órfão de pai muito cedo mas dele herdou as ferramentas que usava para fazer santos, o talento e gosto pela arte.

Foi ordenado sacerdote em 1929, tendo sido pároco em Montemor-o-Velho, Coja e Coimbra (S. Bartolomeu).

A par do sacerdócio, escreveu vários livros de poesia, estudos históricos, colaborou em revistas e jornais. Foi historiador, arqueólogo, etnógrafo, jornalista, professor mas foi como artista que mais se destacou. A sua obra é multifacetada, passando pela gravura, a pintura, o desenho, aguarela, a escultura, a xilogravura e xilografia, ferro forjado, o vitral…

Por onde passava contagiava todos com fé, simpatia e humildade. Investigava a história local e punha a descoberto a história e arqueologia nunca antes divulgada. Defendia o património que a maioria insistia e insiste em destruir, porque, como ele escreveu: “É necessário que alguém vá remando contra a maré”.

Apesar de nunca ter ministrado o sacerdócio no nosso concelho, nunca esqueceu as suas raízes. A ele devemos a descoberta do Capitel do Pelourinho do concelho de Pampilhosa da Serra, a investigação que fez e que culminou nos Contos de Fajão, bem como a ilustração e xilogravura desses mesmos contos, o seu amor e contributo no Museu de Fajão, as obras onde estão imortalizadas as nossas paisagens, a nossa arquitetura, o nosso povo, os nossos costumes e onde hoje podemos ver retratos da identidade pampilhosense.

Faleceu a 1 de junho de 2001 em Coimbra mas a sua obra é eterna e permanecerá nos museus, em igrejas, instituições e em coleções particulares, no nosso país e no estrangeiro.

 

 

Guilherme Filipe, pintor de Fajão

 

 

 Miguel Torga, Diário XI, 2.ª Edição Revista, Gráfica de Coimbra, 1991

 

 

 

 

Estas palavras são de Miguel Torga aquando o funeral de Guilherme Filipe, seu amigo pessoal. As palavras escritas na pedra da sepultura de Guilherme Filipe, no cemitério de Fajão, também são de sua autoria.

Mas quem é Guilherme Filipe Teixeira?

Sei apenas que nasceu em Fajão no ano de 1897. Estudou nas escolas de Belas-Artes de Lisboa e de Madrid e teve como patrono Cândido Sotto Mayor.

Em Espanha foi aluno de Joaquín Sorolla na Real Academia de Belas-Artes de São Fernando. Teve várias exposições coletivas e individuais.

Em Portugal, para além das várias exposições das suas pinturas, foi um grande dinamizador cultural. Fundou uma Escola de Acção Artística, o Jardim Universitário de Belas-Artes que promoveu a criação de uma orquestra sinfónica, debates sobre arte e filosofia, sessões clássicas de cinema, etc. 

Na década de 30, muda-se para Nazaré, onde se dedicou a pintar temas relacionados com a pesca. Foi considerado por Tomás Ribas o "pintor das paisagens e gentes da Nazaré". Aqui ajuda na organização de um Museu da Nazaré.

Os quadros deste pintor nosso conterrâneo, encontram-se em museus e coleções particulares em Portugal e no estrangeiro.

Descobrir o passado deste nosso pintor pampilhosense dá mais sentido à nossa história. E se em tenra idade nos tivessem divulgado os nossos artistas e sensibilizado para a beleza das nossas raízes, talvez hoje o nosso património, a nossa história, as nossas tradições, estivessem mais salvaguardados.

Mas ainda não perdi a esperança de ver o nosso património pampilhosense mais preservado.

 

 

Fonte: pt.wikipedia.org/wiki/Guilherme_Filipe

1 de Junho de 2001

 

Hoje faz 13 anos que faleceu o Monsenhor Nunes Pereira.

Por muito que eu soubesse ou conseguisse escrever sobre Monsenhor Nunes Pereira, seria pouco. A grandeza deste homem foi tão grande pela sua sabedoria enquanto artista, pela sua bondade enquanto sacerdote mas principalmente pela sua humildade enquanto homem.

Infelizmente só tive a honra de o conhecer no último ano da sua vida.

Aquando um visita a Fajão com uma colega e amiga, resolvemos visitar o museu de Fajão e quando nos deslocamos ao restaurante "O Juíz de Fajão" para pedir a visita ao museu, estavamos longe de imaginar que quem nos iria fazer a visita guiada ao museu Monsenhor Nunes Pereira, seria ele próprio, o Monsenhor Nunes Pereira.

Ele estava no "Juíz de Fajão" e logo se prontificou a nos acompanhar.

Já no museu, mostrou-nos os Santos feitos pelo seu pai e todos aqueles objetos que pertenceram à história dos nossos ancestrais.

Hoje, tenho pena de não o ter conhecido há mais anos. Tenho pena que nunca tenha sido pároco no nosso concelho, que era também o seu. Mas conforta-me saber que em nenhum momento ele se esqueceu da sua terra. E agradeço-lhe o ter despertado em mim esta vontade de querer ajudar na salvaguarda do património pampilhosense.

 

 

 

 "Sopa de Pedra", A. Nunes Pereira, Gráfica de Coimbra, 1996