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ancestralpampilhosense

A intenção é partilhar este meu gosto pelas antiguidades, pelas histórias, pelas tradições e tudo o que tenha a ver com o património pampilhosense e sensibilizar os descendentes da Pampilhosa da Serra a darem mais valor às suas raízes!

A intenção é partilhar este meu gosto pelas antiguidades, pelas histórias, pelas tradições e tudo o que tenha a ver com o património pampilhosense e sensibilizar os descendentes da Pampilhosa da Serra a darem mais valor às suas raízes!

Escola Primária da vila

N.º4.jpg

(Vila Pampilhosa da Serra em 1933)

 

Falarmos em setembro é falarmos da Escola, de regressar às salas de aulas, de voltar a ver os colegas e os professores, ou seja, o início de mais um ano letivo. Mas é talvez ainda mais marcante para aquelas crianças que vão iniciar a sua escolaridade formal pela primeira vez e que deste modo principiam o seu percurso escolar.

            No entanto, nem sempre assim foi, houve tempos em que a escola se iniciava mais tarde, no mês de outubro. Nessa altura, as crianças tinham que ajudar os seus pais e avós na debulha do milho e na vindima e só depois iam para a escola, e mesmo as que iam eram uma minoria, pois a maior parte das crianças pampilhosenses nunca chegavam a ir à escola, principalmente as meninas.

            A fotografia que vos apresento em cima, datada de 1933, mostra-nos uma Pampilhosa muito diferente daquela que conhecemos hoje. Para além dos extensos campos de milho onde atualmente são os Paços do Concelho, podemos ver do lado direito, no sítio denominado «Carrascas», a Escola Primária Masculina e Feminina de Pampilhosa da Serra em construção. A sua edificação teve início a 23 de janeiro de 1931 e a inauguração aconteceu a 7 de outubro de 1934, domingo, e contou com a presença do Governador Civil do distrito, Dr. Gustavo Teixeira Dias, da sua comitiva constituída por vários membros: pelo seu secretário, pelo Dr. Castanheira de Figueiredo (filho do pampilhosense António Joaquim Cardoso de Figueiredo) e pelo vice-presidente da Câmara de Coimbra. Neste grande acontecimento, estiveram também presentes o Sr. Rangel de Lima, diretor das estradas deste distrito e presidente e vereadores da Câmara da Lousã.

            À sua espera estavam as crianças com os respetivos professores, José Lourenço Gil e Maria D’ Assunção Ferreira. Seguiu-se um cortejo para o novo edifício escolar. O administrador e presidente da Câmara Municipal de Pampilhosa da Serra, Sr. Hermano Nunes de Almeida, assim como o presidente da Comissão Municipal da União Nacional, Sr. Jaime Henriques da Cunha, reconheceram e agradeceram os benefícios já concedidos pelo Governo ao povo pampilhosense mas intercederam junto dos representantes do governo ali presentes, pelos benefícios que o concelho da Pampilhosa ainda necessitava.

            Também o esforço empregue destes dois homens, Hermano Nunes de Almeida e Jaime Henriques da Cunha, foi importante para que a construção da escola se tornasse uma realidade, assim como outras melhorias que o concelho «viu nascer».

 Após a inauguração da nova escola houve novamente um cortejo, mas desta vez para o edifício da Câmara Municipal, onde foi servido um «copo d’ água» pois tratava-se de uma ocasião festiva.

            A escola primária era constituída por duas salas, a da esquerda pertencia aos meninos e a sala da direita, era a das meninas. No pátio da escola também havia um muro que os separava na hora do recreio, mas este não era muito alto, pois os meninos por vezes aventuravam-se!

            Até esta nova escola ser construída, as crianças tinham aulas no primeiro andar da casa do Sr. Ilídio Nunes Barata, casa que também se pode ver nesta fotografia, manteve os traços originais, é onde atualmente fica a churrasqueira. A entrada fazia-se pela Rua Rangel de Lima, subia-se umas escadas que davam acesso a um patamar no primeiro andar, os meninos iam para uma sala que ficava do lado esquerdo e as meninas para uma sala que ficava à direita.

No Séc. XIX, as poucas crianças que estudavam, tinham aulas na denominada "sala dos estudos", sala que ficava na casa da família Nunes Afonso (casa com varanda fechada em madeira no Largo José Henriques da Cunha, demolida para dar lugar a um prédio).

            A escola primária que aqui vemos em construção funcionou até junho de 1999, uma vez que em setembro do mesmo ano, as crianças do primeiro ciclo juntar-se-iam às crianças dos restantes ciclos na nova escola situada em S. Martinho.

            Apenas uma curiosidade, o edifício da Câmara Municipal, atual Museu Municipal localizado na Praça Barão de Louredo, também já foi Escola Primária para muitas crianças. A sala de aulas era na antiga secretaria, no primeiro andar, o recreio era na Praça Barão de Louredo e em dias de chuva, a cadeia dos homens que ficava no rés-do-chão, do lado esquerdo da porta principal, servia de resguardo da chuva e do frio.

            A antiga escola primária continua a ser uma escola, mas uma escola de música e valores culturais, pois é atual sede do prestigiado Grupo Musical Fraternidade Pampilhosense. Jaime Henriques da Cunha, onde quer que esteja, estará a sorrir, pois o Grupo Musical do qual foi maestro e impulsionador está num edifício que ele tanto lutou para ver construído!

Antiga Escola Primária 1.jpg

(Escola Primaria da vila nos anos 50 do Séc. XX)

 

 

 

Agradecimentos:

- Prof.ª Maria Nazaré Nunes (junho de 2016)

Bibliografia:

- Jornal "A Comarca de Arganil", n.º2086, 16 de outubro de 1934

 

 

 

A escola de Moninho

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( 28 de maio de 1949 - Moninho)

 

Já partilhei aqui no blogue fotografias que fazem parte da história da Comissão de Melhoramentos das Quatro Povoações Unidas. Esta Comissão agora extinta, agregava as povoações das Moradias, Moninho, Soeirinho e Vale de Carvalho, da freguesia de Pampilhosa da Serra.

As fotos que anteriormente partilhei retratavam a inauguração dos fontanários na povoação de Moradias. Desta vez, trata-se de uma inauguração mas, na povoação de Moninho.

A fotografia que vos trago é de 28 de maio de 1949, mostra vários elementos pertencentes à Comissão de Melhoramentos das Quatro Povoações Unidas, para além do Padre Benjamim Alves, do presidente da Câmara José Lourenço Gil e da regente da escola Maria do Céu, e foi tirada no dia da inauguração da escola primária de Moninho.

A festa da inauguração foi iniciada por um cortejo, abrilhantado pelo Grupo Musical Fraternidade Pampilhosense. Seguiu-se a bênção da escola pelo pároco da freguesia, o padre Benjamim Alves e posteriormente uma sessão solene onde teve a palavra o presidente da Comissão, José Maria Nobre, o senhor Manuel Martins, membro da Comissão, o senhor padre Benjamim Alves, o senhor Onofre da Silva Gomes, chefe de secção das finanças e por último o presidente da câmara, José Lourenço Gil.

Com o entusiasmo que marcou todo o dia da inauguração deste importante melhoramento, a festa terminou com um Porto de honra servido a todos os convidados.

Foi com os esforços desta Comissão de Melhoramentos e do presidente da Câmara da altura que a escola de Moninho nasceu e que veio servir as crianças destas quatro povoações.

A escola mista de Moninho já tinha sido criada por despacho governamental de 30 de novembro de 1930 mas as crianças estavam a ter aulas numa casa particular (posto escolar) até à inauguração deste novo edifício!

Este novo edifício abriu portas em 1949 e encerrou por meados dos anos 70 do séc. XX.

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(Fotografia da escola de Moninho atualmente)

Quando se pode ter acesso a documentos, livros e fotografias do passado, como eu tive, neste caso desta Comissão, através do senhor José Almeida ("Zé das Moradias") ao qual agradeço muito, podemos constatar o imenso trabalho e seriedade com que estes homens e mulheres colocavam em tudo o que faziam. Os livros onde podemos ver todos os donativos, os nomes de quem dava o que podia para ver melhorias nas suas terras natal, os valores pagos nessas melhorias, desde a madeira, pregos, tecido das urnas aos fontanários ou até à construção desta escola, é um bom exemplo desta dedicação e seriedade!

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(subscrição para fonte nas Moradias)

 

Por estes motivos, é com toda a admiração e respeito que sinto por estes homens e mulheres do passado pampilhosense e por tudo o que eles conseguiram para as suas aldeias que, vou partilhando no meu blogue, os seus feitos e os seus rostos!

 

 

Bibliografia:

A Comarca de Arganil, n.º3550 de 10.06.1949

 

Agradecimentos:

Senhor José de Almeida ("Zé das Moradias")

Dona Lurdes Santos

Dona Conceição Martins dos Santos

Elisabete Matos