25 de Novembro de 1979
Miguel Torga in Diário XIII, Coimbra, 1983
Quis Deus que Miguel Torga tivesse passado na minha terra no dia em que nasci.
Só mais tarde tive conhecimento desse facto, só mais tarde tive consciência da mensagem que nos estava a transmitir.
A verdade, é que ao longo destes anos, não soubemos preservar a memória do nosso passado. Cortámos constantemente o laço com as nossas raízes, como se isso nos trouxesse um futuro mais rico. Pelo contrário, o nosso futuro não será nada mais do que um vazio. Um vazio de história, de tradições, de memórias. Um vazio de património. Um vazio de identidade!
Por sentir este vazio é que admiro tanto o povo alentejano, porque eles souberam e sabem respeitar a herança patrimonial dos seus ancestrais. Ao visitar o alentejo e ao entrar nas suas casas respira-se logo história.
(Fotografia da Casa do Concelho, "Serras da Pampilhosa")
(fotografia do site do Carregal do Zêzere)
As duas fotografias anteriores, eram da chamada "Casa Grande" (Casa Meireles) do Carregal. Casa com Pedra-D'Armas dos Viscondes de Tinalhas. Disse eram, porque deixou de existir, a casa, a pedra de armas, a capela. Resta a magnólia, no Chão da Tapada, classificada como árvore de interesse público em 3 de setembro de 1996, na altura com 250 anos. (D.R. n.º204, II Série de 03/09/1996). Ainda lá está porque é classificada. Tudo o resto foi-se. E tudo o resto era um valioso património pampilhosense.
Sem dúvida que ficámos mais pobres com esta perda.
A foto em cima, foi retirada do site da liga de melhoramentos de Sobral de Baixo, representa uma homenagem à antiga capela de N. Senhora da Nazaré, que existia naquele local e que foi demolida para dar lugar à casa do povo.
A então capela de N. Senhora da Nazaré já aparecia mencionada no Livro de Visitações da Paróquia de Pampilhosa dos anos de 1700-1799, segundo pesquisa de Ana Paula Branco, site património pampilhosense de A. Lourenço.
Ficam apenas as fotos, para nos darmos conta do que realmente perdemos.