Nossa Senhora da Misericórdia
(N. Senhora das dores no Altar proveniente da Capela de S. Bartolomeu de Pencanseco do Meio. Fotografia de 1965.)
As tradições quaresmais e pascais em Pampilhosa da Serra sempre foram manifestações de uma grande religiosidade popular. Estas manifestações são comuns em todo o interior de Portugal, existindo na atualidade regiões em que estão extintas enquanto noutras, as tradições pascais intensificaram-se. Na Pampilhosa da Serra continua a ser das cerimónias religiosas mais marcantes do ano, destacando-se as celebrações que vão desde o domingo de Ramos até ao domingo de Páscoa. As mais expressivas são: A Bênção dos Ramos, a Procissão do Encontro, a Cerimónia do Lava-Pés inserida na Missa da Ceia do Senhor, a Procissão do Senhor da Cana Verde e a Procissão do Enterro do Senhor.
Graças ao empenho dos guardiões da nossa herança cultural, as mordomas da Capela da Misericórdia, os párocos e um conjunto de voluntários que se prontificam para ajudar a levar os andores, as lanternas, os símbolos da Bíblia, a ser mandatários nas procissões, bem como as vestideiras das crianças, que a Semana Santa continua a fazer parte da nossa identidade.
No entanto, houve tradições que se foram perdendo e não chegaram aos nossos dias, como as representações cénicas, da Verónica com o Santo Sudário que durante a procissão do Enterro do Senhor subia ao púlpito da Igreja e à varanda dos antigos Paços do Concelho para cantar: “Ó vós homens que passais pelo caminho, parai e vede, se há dor semelhante à minha”, de Maria Madalena que chorava durante as procissões.
As colchas brancas penduradas nas janelas e varandas ainda continuam a fazer parte das tradições pascais mas, no passado, em algumas casas, cosidos à colcha estavam os “Martírios do Senhor”, constituídos por uma coroa de espinhos, os pregos grandes, um martelo pequeno e uma escada pequena.
(Pormenor das colchas nas janelas durante as procissões da Semana Santa)
Outra tradição que já vem do fundo dos tempos, é a participação do Grupo Musical Fraternidade Pampilhosense nas procissões da Semana Santa, tocando “Saudade”, esta da autoria de Jaime Henriques da Cunha, “Lágrima” de José Nunes Afonso, “Maria Emilia”, “A meu pai”, “Frio de morte”, entre outras.
(Pormenor do altar proveniente de Pescanseco do Meio)
Sendo a fotografia de 1965 a preto e branco, não é percetível ver os pormenores do azul das vestes de Nossa Senhora. Na Sexta-Feira Santa o vestido usado é preto, com um colar de prata e um coração com sete espadas, oferecido por Filomena Dias da Veiga, mãe do saudoso presidente da Câmara, José Augusto Veiga Nunes de Almeida. A coroa em prata engrandece a imagem de Nossa Senhora.
(Imagem de Nossa Senhora na Sexta-Feira Santa)
Agradecimentos:
À Sónia Simões,
Ao Dr. José Braz,
Ao Dr. Júlio Cortez Fernandes,
Às mordomas da Misericórdia: Laurinda Simões e Esmeralda Alexandre,
Ao maestro Pedro Ralo,
À D. Lúcia Conceição Almeida,
À Dr.ª Nazaré Nunes.